A miúda da porta do lado

Não sou a extravagante, a intelectual, a artista, a freak, a gótica, a “barbie”, a desportista, a gorda, a magra, a alta ou a baixinha, a “bomba”, a hippie, acho que sou uma miúda normal (já não é mau ter esta perspectiva, podia ser pior). Uma miúda que gosta de ir dançar ao Sábado à noite com os amigos; passar a tarde com as amigas na esplanada a falar de tudo e de nada; ir ao cinema e ao teatro; fazer compras necessárias e compulsivas; jantaradas semanais; ir à praia torrar ao sol, jogar raquetes e dar uns deliciosos mergulhos de mar (às vezes fazer umas tentativas algo frustradas de surf ou body board – quando a combinação de prancha de surf e mar rebelde é sinónimo de frios na barriga e tremores nos joelhos); comer chocolate; ler umas páginas de um livro antes de adormecer; acordar com olheiras; coleccionar casacos, sapatos e acessórios (qualquer tipo); dar uns “toques” no carro de trás a estacionar; sonhar acordada após um beijo apaixonante, um sorriso comprometedor ou uma noite inesquecível; ver um jogo de futebol com os rapazes a beber imperiais e a “petiscar” qualquer coisa; passar fins-de-semana com os amigos; fazer palhaçadas para as crianças; conversar horas a fio sobre ideologias (sejam elas quais forem); falar mal de um ou outro membro da família após um jantar ou um almoço festivo; chorar compulsivamente após um desgosto de amor; rir à gargalhada com aquele rapazinho especial, aquela amiga que diz disparates ou a série que dá à noite na tv; fazer jogging no final da tarde (ups já lá vão uns meses desde a última vez!)...enfim uma miúda normal, como a miúda da porta do lado.