Juízo final
Estarão os seres humanos todos condenados? Uns à efemeridade dos sentidos outros à monotonia da legislação social e, outros ainda, à oscilação entre estes dois destinos, sem acreditar absolutamente num deles e vivendo consecutivamente a frustração do vazio...
5 Comments:
Sobre a "condenação" de que falas, ao fim ao cabo, a "culpa" que eu interpreto e que para o bem e para o mal nos regula a todos, a minha tia Ana Hatherly pergunta "de quem é a culpa que me culpa?". Por sua vez, uma personagem (homem, mulher ou maçã, não me lembro) de um filme qualquer que não vi mas de que me lembro, diz "não páro de me sentir culpado, ainda que me sinta inocente".
Eu susurro ... o pensamento divide tanto quanto une, as palavras aproximam porque exprimem e isolam porque calam...
By Anónimo, at quinta-feira, novembro 02, 2006 11:23:00 da tarde
Como diz, também, uma música do visionário António Variações “A culpa é da vontade, que vive dentro de mim e só morre com a idade, a idade do meu fim. A culpa é da vontade...”.
Vontade de sentir os cheiros, conhecer os sabores, avistar o horizonte, ouvir o vento, e sentir a chuva. Vontade de viver. Vontade de sentir mais do que ser dono de alguém ou de alguma coisa. Vontade de usufruir de algo que sempre foi nosso.
By a míuda da porta do lado, at sexta-feira, novembro 03, 2006 1:01:00 da tarde
Menina da Janela do Fundo, como estás? Espero que bem...
Entretanto, já liguei à minha tia e disse-lhe que a culpa é definitivamente da vontade. Claro que concordou e sentiu-se parva de nunca ter pensado na (sua) vontade. Prometeu-me mais 5 anos de vida (já está velhota...) e doces pelo Natal.
Acabei mesmo agora de ver o tal filme, do qual já não tenho quaisquer memórias, à excepção de que a maçã era das verdes, tamanha seria a sua vontade.
Sobre a "vontade":
Este gasóleo dilui, dilui, dilui enquanto ando, ando, ando. Escorre enquanto transpiro e repito-me no que faço. O que digo já nem são palavras, são imagens vistas de dentro para fora. Repito. Repito. Repito-me. Repito-me no que sou.
A velocidade é agora uma grande imagem, vês? Palavras regressam ao discurso para poder descrevê-la.
Grita-as, com a tua voz mais alta.
Repete-as, dentro de ti.
By Anónimo, at domingo, novembro 05, 2006 10:01:00 da tarde
Gostaria muito de conhecer a sua tia, ela mora na rua de baixo? Será que aqui da janela a consigo ver?
Parece-me uma senhora cheia de sabedoria e mente aberta, é assim que quero ser quando for já uma senhora de "uma certa idade". Pretendo construir conhecimento com a experiência, a minha e a dos outros, naquela em que participo e naquela em que sou espectadora. Quero chegar perto do fim e estar em uníssono com um dos meus nomes, "Sofia" <=> "Sabedoria", nunca tendo a pretensão de tudo saber mas consciência que a minha mente já não é propriamente uma tábua rasa ou uma folha em branco, tendo no entanto sempre espaço vazio disponível para novos riscos e rabiscos de conhecimento. Nunca quero esquecer o que Sócrates dizia a respeito da "Sabedoria": "Só sei que nada sei".
Sobre a "vontade", a sua, a minha, a da sua tia e a dos outros... é ela a culpada, é ela o combustivel do carrossel que distorce as imagens em volta, nos solta a garganta para gritar de medo e euforia incontrolável no momento do looping que, vira o mundo do avesso e muda a percepção do que era o que existia antes e do que vai ser assim que o mundo fica novamente no seu lugar...lugar esse que já não é igual, por mais que as coisas não tenham mudado de sitio.
Bem-vindo a uma nova dimensão.
By a míuda da porta do lado, at segunda-feira, novembro 06, 2006 12:59:00 da tarde
Sobre(Dimensão) OU OUTROS DIAS
(homens chovem, em dias iguais.
arrozais alagados da água bebida em copos normais.
mar inundado que não seca aos teus pés. vagueia, vagueia, sem arrasto, pelo chão da varanda de meio oceano.)
- "cai e torna-te chuva, vê os outros. chove, chove, chove. chove todos os dias"
- "os dias são iguais?"
- "são todos iguais, até ao dia em que amanhecem outros."
- "ah, os outros dias!"
(fecho os olhos e dentro dos olhos, outros olhos. tudo faz falta...o tudo e o nada.)
By Anónimo, at sábado, novembro 11, 2006 2:03:00 da tarde
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