a miúda da porta do lado

quinta-feira, março 22, 2007

"Portugal, incluindo os Arquipélagos dos Açores e Madeira tem uma população estimada em 10.529.255 pessoas (estimativa INE a 31 de Dezembro de 2004), representando uma densidade populacional de 114 pessoas por quilómetro quadrado." Somos 1 no meio de quase 11 milhões de habitantes, sem falar dos muitos mais milhões que habitam o planeta Terra, e insistimos em isolarmo-nos cada vez mais…

Vivemos cada vez mais nos nossos pequenos quintais. Temos a nossa família, os nossos amigos de infância, os nossos amigos adquiridos ao longo da nossa existência – liceu, faculdade, primeiro emprego, local de trabalho, ginásio, curso xpto, aulas de arte yzx – e estranhamente oposto ao que seria de esperar, uma vez que vamos somando experiências e contactos, “recebemos” no nosso quintal cada vez menos pessoas.

Os nossos quintais estão cada vez mais vazios, o que não significa que estejam mais espaçosos, na realidade sentimo-nos cada vez mais apertados, sufocados. Crescemos cronologicamente, profissionalmente, economicamente, culturalmente mas relacionalmente tendemos a decrescer.

Já não abordamos, pelo menos com a facilidade de outrora, desconhecidos, já não fazemos amigos em lado nenhum, com excepção daqueles que se vão tornando mais próximos porque algo exterior a nós o impulsiona (trabalho de equipa, um namorado (a)/ marido (mulher) / amigo(a) de um(a) nosso(a) amigo(a), aquela pessoa que está sentada ao nosso lado na aula do curso de arte yzx…), muitas vezes já não olhamos se quer para os outros para que não se criem momentos minimamente oportunos de diálogo.

Mas às vezes fazemos balanços… confirmamos que passamos a maior parte do tempo a trabalhar, a pensar no trabalho, a dormir porque se tem que estar preparado para o dia de trabalho a seguir. Nos intervalos destas actividades tentamos ocuparmo-nos com um hobby qualquer para “esvaziar a mente”, “descomprimir”, “libertar o stress” e mantermo-nos equilibrados. Muitas vezes não fazemos aquilo que tanto gostamos, ou já nem nos lembramos o que era aquilo que tanto gostávamos de fazer.

Esquecemo-nos de que quem anda no trapézio pode ter rede. Estar lá no alto exige tanto de nós que nem sempre os aplausos são o mais importante, por vezes a rede que nos ampara em caso de desequilíbrio momentâneo é muito mais reconfortante.