a miúda da porta do lado

segunda-feira, novembro 27, 2006


Ser e Estar – Ver e Olhar

Ser e Estar mais do que dois verbos distintos, tratam-se de duas formas diferentes de conhecer alguém.

Diria de uma forma muito pragmática e sucinta, sem pensar ou enveredar por ilações mais complexas e repescadas que, se pode fazer uma metáfora com o Olhar e o Ver.

Quando estamos a Ver um objecto, por exemplo, vamos imaginar que estamos a Ver um produto que queremos comprar, um par de sapatos por exemplo (porque sim, porque gosto de sapatos, porque sou gaja), em vez de simplesmente estarmos a Olhar reparamos em todos os pormenores: a cor, o tipo de salto, a altura do salto, a biqueira, a sola, o laçarote, ou os brilhantes, e vamos ainda mais longe, começamos a analisar o tipo de material para prever a resistência e durabilidade, a ponderar gastar o valor dos sapatos tendo em conta o volume da conta bancária actual, a pensar nos restantes pares de sapatos que existem no armário lá de casa e a imaginar os conjuntos que podem ser feitos com aquele par de sapatos que estamos a Ver na prateleira da loja. Ou seja, Ver implica outros verbos: Analisar, Ponderar, Pensar, Imaginar...

Quando estamos apenas a Olhar para um par de sapatos numa loja (pegando no mesmo exemplo), sem efectivamente o Ver, prendemos o alvo da nossa visão pouco mais de uns segundos e rapidamente passamos ao par seguinte, ou à conversa com a amiga das compras. Ou seja, Olhar implica puramente isso mesmo, Olhar. Não há outros verbos ou acções associadas.

Quando Vemos atribuímos valor, quando Olhamos não. Quando falo de valor refiro-me ao facto de estarmos a despender tempo, estarmos a dar importância e dedicarmos por instantes, sejam eles breves ou longos, de elevada ou reduzida importância, o foco da nossa visão e mente. Temos interesse naquele objecto específico por isso, abdicamos de algo nosso para poder integrar aquele objecto na nossa vida. Se depois da análise, ponderação, pensamento e imaginação terem funcionado a importância for reduzida colocamos fim à nossa abdicação e entrega ao objecto. Se ao contrário, a importância atribuída for elevada passamos a uma nova etapa e a um novo verbo implicado na consequência do Ver, o verbo Ter.

Imaginemos agora as coisas vistas da perspectiva do par de sapatos: quando aos olhos dos outros revelam apenas a sua forma de Estar é porque estão lá apenas para serem Olhados, aos que revelam o seu Ser estão lá para serem Vistos.

(Os meus conceitos de pragmatismo dão nisto...teorias estranhas sobre pares de sapatos...)

Deixa-me rir

Porque sou fã de Jorge Palma e aprecio esta música em particular; porque me faz lembrar bons tempos, bons sentimentos e pessoas fascinantes; porque a ouvi esta manhã na rádio e me fez muito bem J

Deixa-me rir
essa história não é tua
falas da festa, do sol e do prazer
mas nunca aceitaste o convite
tens medo de te dar
e não e teu o que queres vender

Deixa-me rir
tu nunca lambeste uma lágrima
desconheces os cambiantes do seu sabor
nunca seguiste a sua pista
do regaço à nascente
não me venhas falar de amor

Pois é, pois é
há quem viva escondido a vida inteira
Domingo sabe de cor, o que vai dizer
Segunda Feira

Deixa-me rir
Tu nunca auscultaste esse engenho
de que falas com tanto apreço
esse curioso alambique
onde são destilados
noite e dia o choro e o riso

Deixa-me rir
Ou então deixa-me entrar em ti
ser o teu mestre só por um instante
iluminar o teu refúgio
aquecer-te essas mãos
rasgar-te a mascara sufocante

Pois é, pois é
há quem viva escondido a vida inteira
Domingo sabe de cor, o que vai dizer
Segunda Feira


Jorge Palma

sexta-feira, novembro 24, 2006

Como é que se esquece alguém que se ama?
Como é que se curam as mágoas, as feridas abertas?
Como podemos alcançar a indiferença se tudo em nós transborda de emoção?
Como é que podemos esquecer momentos que sabíamos enquanto estavam a acontecer que nos iam mudar para sempre?
Como é que podemos continuar a procurar aquilo que já encontrámos?
Como é que se ama menos para não doer tanto?
Como é que se esquece alguém que se ama?

(Escrevo hoje contra tudo o que tenho vindo a escrever nos últimos posts, contra tudo pelo qual tenho vindo a lutar mas hoje simplesmente não estou a aguentar. Assim sendo, e porque sou teimosa pelo Touro que sou, mais vale escrever do que voltar atrás ou perder a dignidade.)

segunda-feira, novembro 20, 2006

Sinto falta da troca de olhares comprometedores, dos beijos ardentes e dos outros mais calmos e meigos.
Sinto falta do toque quente e do arrepiante, dos olhos que brilham e fazem brilhar, dos suspiros incondicionais e dos sonhos acordada.
Sinto falta de adormecer abraçada e acordar entrelaçada, mas também de não ter sono ou de preferir não perder tempo a dormir.
Sinto falta da voz que sussurra ao ouvido e também daquela que fala olhos nos olhos, das conversas íntimas e das banais, da presença constante e da espera ansiosa pelo prometido que é cumprido.
Sinto falta de amar e ser amada e de não precisar de mais nada!

Amor, fazes-me falta...

quarta-feira, novembro 15, 2006

Impulso

Um amigo meu diz que se trata da atracção pelo abismo. Trata-se de estar à beira do precipício e dar o passo em frente. Conhecendo, ou imaginando, que se não morrermos vamos ficar bastante feridos com o embate mas mesmo assim há um misto de curiosidade e adrenalina que nos empurra para lá.

Nos momentos anteriores sonhamos com o irreal, a inexistência das marcas doloridas, e com a estupenda sensação do voo. Caímos e sentimos a velocidade do vento a percorrer o corpo culminando nos cabelos que ondulam no vazio, os arrepios na barriga da doce tensão do prazer, o calor do corpo do toque conhecido que arrebata a saudade. Desejamos, Tocamos, Amamos, Gritamos, Sentimos, Sonhamos e Magoamo-nos...porque não há abismo sem queda, sem embate e sem fim.


“Nada é mais sensual que a dignidade”

Assim terminou uma crónica que li ontem numa revista antes de me deitar. Fiquei a pensar a digerir a frase, a história contada e a mensagem que se estava a tentar passar.

A crónica falava de um livro, escrito por uma mulher, lançado nos EUA cujo título (o qual já não me recordo) era algo que transmitia a ideia de “Assuma que é possível que ele já não goste de si”, e pretendia passar uma mensagem do género: “mulheres deste mundo percebam de uma vez por todas que o encanto se acaba e que é possível que um homem que nos adorava há um ano atrás (às vezes há um mês ou uma semana) tenha simplesmente deixado de gostar. A culpa não foi única e exclusivamente do novo penteado que não favorece tanto ou dos três quilos a mais, de ter estado uma semana completamente absorvida num projecto profissional ou de ter ido sair nos últimos meses três vezes com as amigas.


Não, nem sempre somos nós as culpadas, aliás na maioria das vezes não somos nós as culpadas. Nem eles ou alguém. Simplesmente o encanto passa a desencanto e a história vivida num ambiente de muito amor e romance no passado (seja ele de quanto tempo for) desvanece-se no ar. Fica onde teve lugar, no passado.”

Isto dito assim é uma bomba, mas é a mais pura realidade, e vale tanto para as mulheres como para os homens. Quanto mais cedo admitirmos esta verdade para nós mais rapidamente ultrapassamos a dor e tristeza profunda de uma rejeição, do fim.

Não há guarda-roupa novo, aulas de sensualidade, livros de auto-ajuda, consultas de terapeutas, perseguições nocturnas ao dito cujo, rondas à casa dele, planos maquiavélicos para os impedir de continuarem as suas vidas ou fórmulas secretas que façam o encanto desaparecido ressuscitar. Por isso não nos vamos esquecer do pressuposto básico e elemento fundamental para o nosso bem-estar e equilíbrio mental, emocional e físico, o elemento básico para atrair o sexo oposto, para transportar e transbordar a luz que ilumina olhares e vidas alheias: amor-próprio, auto-estima, dignidade.

sexta-feira, novembro 10, 2006

+ = Alegria

O verdadeiro urbano-desportivo. É o Citroën C2, desenhado para os desafios de uma condução citadina, viva e alegre. O Citroën C2 é o melhor exemplo de um casamento feliz entre utilidade e prazer.

quinta-feira, novembro 09, 2006

Química

"Quando não se sabe bem como justificar um inesperado comportamento sentimental há uma palavra que é sempre chamada em jeito de explicação: química. Afinal, no senso comum, a química remete para uma ciência um tanto ou quanto misteriosa, que lida com matérias quase transcendentes. Mas será ela a culpada por todas as loucuras cometidas em nome do amor e do prazer?

(...) As mulheres procuram cada vez mais a satisfação sexual e se o companheiro habitual não consegue oferecê-la, acabam por buscá-la, mesmo que inconscientemente, fora dessa relação. E aí surge a química com alguém especial”, diz o especialista. “Se calhar, até podemos dizer que foi a química, pois a
atracção é algo que é muito fácil de reconhecer, mas muito difícil de explicar.”

O certo é que segundo Helen Fisher, uma das mais reputadas antropólogas norte-americanas e professora na Rutgers University, a química tem mesmo um papel a desempenhar quando se ensaiam relacionamentos homem/mulher(...)a investigadora defende que aquilo que se convencionou chamar de paixão não pertence, afinal, ao terreno das emoções, mas é uma interacção de substâncias no cérebro.

Para Helen Fisher, esta paixão avassaladora funciona, em termos evolutivos, enquanto garantia de propagação da espécie, pois a atracção e o desejo pelo outro é tão fulminante que acaba em contacto sexual”, ...Há um impulso incontrolável para a relação, derivado de mudanças em termos químicos”, adianta a terapeuta. Animalesco? Se calhar por isso a investigadora norte-americana deu-lhe o nome suave de amor romântico.

E o que é isso de amor romântico? “Uma das mais poderosas forças existentes no mundo”, sentencia Helen Fisher. Ou seja, é aquilo a que nos habituámos a chamar de paixão. “Há uma tremenda explosão de energia, de interesse em estar com o outro. Uma euforia quando as coisas correm bem, um desespero terrível
quando vão mal. Não se consegue deixar de pensar no outro. Há uma tendência para a obsessão, para a procura compulsiva”, explica a sexóloga Paula Pinto.

Como admite Jorge Cardoso, temos, na verdade, mais de polígamos do que de monogâmicos. “O que também temos é uma coisa chamada social que nos vai impondo regras e princípios sociais e de relacionamento”, adianta o sexólogo. Como dizem os poetas, são misteriosos os caminhos do desejo e do amor. Sobretudo, quando há algo como a química pelo meio.

Da atracção à protecção
Para Helen Fisher, existem três tipos de impulsos recionais entre homens e mulheres. Segundo a investigadora, todos eles podem existir simultaneamente num indivíduo, embora o ser humano só consiga lidar com um amor romântico de cada vez, tal a sua intensidade e perturbação que provoca.

• Luxúria – É o puro impulso sexual. Uma pessoa relaciona-se com a outra só pelo prazer em si mesmo. Busca-se aqui uma satisfação mais física, que não passa nem pela paixão nem pelo enamoramento.
• Amor romântico – É a paixão tradicional, em que se perde a noção de si mesmo, pensando-se obsessivamente no outro e no desejo que ele causa. Há uma euforia e uma energia transbordantes. É uma espécie de estado de graça.
• Apego – É uma fase mais calma, normalmente seguinte ao amor romântico, que permite uma estabilidade emocional propícia ao cuidar dos filhos. Aqui
destacam-se emoções como a afeição e a vontade de proteger os seres amados."

Máxima

Nem os antropólogos, psicólogos, sexólogos e afins chegam a uma conclusão concreta como é que nós, comuns mortais, não haveremos de andar baralhados? Não há outra solução para além de: ir tentando, experimentando, metendo o pé na poça, entrar em depressão, levantar a cabeça e tentar novamente até, quem sabe, acertarmos. Mesmo que não saibamos o que é que contribui para desta vez dar certo em prol de todas as anteriores que deram errado...Não há receitas nem estratégias infaliveis, há a tentativa e erro de "Pavlov" e mais nada.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Fácil entender

Música que passa agora na rádio e que impõe levantar o som, fechar os vidros e cantar em voz alta, mesmo sendo triste é fabulosa:

Fácil entender

Talvez por não saber falar de cor, imaginei
Talvez por saber
o que não será melhor, aproximei
Meu corpo é o teu corpo, o
desejo entregue a nós...sei lá eu o que queres dizer.
Despedir-me de ti, "Adeus, um dia, voltarei a ser feliz."
Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor não sei o que é
sentir.
Se por falar, falei, pensei que se falasse era
fácil de entender.
Talvez por não saber falar de cor,
imaginei.
Triste é o virar de costas, o último adeus sabe
Deus o que quero dizer.
Obrigado por saberes cuidar de
mim, tratar de mim, olhar para mim...
Escutar quem sou e
se ao menos tudo fosse igual a ti...
Eu já não sei se sei
que é sentir o teu amor não sei o que é sentir.
Se por
falar, falei, pensei que se falasse era fácil de entender.
Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor não sei o que
é
sentir.
Se por falar, falei, pensei que se falasse era
fácil de entender. É o amor que chega ao fim. Um final assim,
assim é mais fácil de entender... Eu já não sei se sei o que
é
sentir o teu amor não sei o que é sentir.
Se por falar,falei, pensei que se falasse é mais fácil de entender.
Eu
já não sei se sei o que é sentir o teu amor não sei o que é
sentir.
Se por falar, falei, pensei que se falasse era
fácil de entender.

The Gift

sexta-feira, novembro 03, 2006

Pérolas, são pérolas

Não posso deixar de partilhar esta bela frase que encontrei num site agorinha mesmo: “Um jogo de Polo mas com Burros e vassoras! Sem o prigo das altas corridas de cavalos e com todo o divertimento. Inédito!” Ahhhhhhhhhahahahahahahah!!!!!!!!!!!!!!!

Lindo, a sério, nem sei por onde começar. Estou a chorar a rir em frente ao computador (o pior é estar no meu local de trabalho, parece um bocado mal).

Bem...agora que já respirei fundo, e já estou um pouco mais recomposta, passo a explicar o contexto e procedo aos respectivos comentários.

Ando a pesquisar locais para organização de um evento que deve ter actividades outdoor, daquelas que fortalecem o espírito de equipa, exploram as capacidades estratégicas e tácticas das pessoas, entre outras capacidades brilhantes dos seres humanos, e miraculosamente em simultâneo são divertidas conseguindo que os envolvidos se descontraiam e sejam todos amiguinhos no final do dia. Até que me deparo com o site de uma quinta, que efectivamente tem muitas potencialidades, mas cujos conteúdos do site... como é que eu posso dizer isto sem ferir susceptibilidades... deixam um bocadinho a desejar.

Eu também dou erros, é verdade, por exemplo sei que escrevi mal “frustração” no post de ontem (esqueci-me de um “r”, mas já emendei). Mas, num só parágrafo escrever “pólo” sem acento, “vassouras” sem “u” e “perigo” sem “e”! Oh, oh meus amigos (como diria o Herman nos seus tempos áureos) zzzz!! Como se não bastasse ser já bastante embaraçoso estarem a escrever sobre “um jogo de pólo mas com burros e vassouras” ainda conseguem dar três calinadas num parágrafo de duas linhas (Lettring: Times New Roman, tamanho 12)! ?

No mínimo fabuloso, ou melhor, inédito, tal como o jogo que consegue evitar o perigo das altas corridas de cavalo mantendo fantasticamente todo o seu divertimento mas...com burros e vassouras. Bahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh

quinta-feira, novembro 02, 2006

Juízo final

Estarão os seres humanos todos condenados? Uns à efemeridade dos sentidos outros à monotonia da legislação social e, outros ainda, à oscilação entre estes dois destinos, sem acreditar absolutamente num deles e vivendo consecutivamente a frustração do vazio...